Ajuda brasileira aos trabalhadores de emergência: a resposta de curto prazo que expõe um problema estrutural.

Quando, no final de fevereiro de 2020, o primeiro caso de COVID-19 foi registrado no Brasil, o desemprego, a insegurança no emprego e a pobreza já estavam muito bem estabelecidos na estrutura social brasileira. Em janeiro de 2020, a taxa de desemprego entre a população brasileira era de 11,2%. Segundo dados de 2018, 25,3% dos residentes no Brasil viviam na pobreza e apenas 43,4% possuíam alguma renda com o trabalho. Esse foi o cenário encontrado e agravado pela pandemia.

Após uma forte mobilização social, a Lei 13.982 foi publicada em 2 de abril de 2020, criando o EWA (Emergency Workers ‘Aid Aid), uma excepcional medida de proteção social para enfrentar a emergência de saúde. (O EWA às vezes é chamado de Renda Básica de Emergência, mas não deve ser, pois não atende à definição de Renda Básica).

Embora o texto da lei tente induzir a idéia de que o benefício é destinado exclusivamente a trabalhadores que perderam sua fonte de renda durante a pandemia, no final, isso não é um requisito de elegibilidade, uma vez que a EWA atinge mesmo aqueles que há muito tempo em situação de vulnerabilidade econômica.

Em suma, o EWA é um pagamento de R $ 600,00 (US $ 115,00) por mês para a pessoa com mais de dezoito anos, que não possui um emprego formal ativo, não é titular de outro benefício de previdência social ou previdenciária (exceto para Bolsa Família), possui renda familiar per capita mensal de até meio salário mínimo (R $ 522,50; US $ 100,00) ou renda familiar mensal total de até três salários mínimos (R $ 3.135,00; US $ 608,00) e não possui obteve receita acima da faixa de isenção de imposto de renda no ano fiscal de 2018. Não mais que duas pessoas de cada família podem receber o benefício. A lei também reconhece a condição de vulnerabilidade especial da mulher prestadora de uma família monoparental, concedendo a ela o valor equivalente a duas cotas da ajuda (R $ 1.200,00; US $ 230,00).

Em 14 de maio, a Lei 13.998 / 2020 fez algumas alterações no EWA, entre as quais a extensão para mães menores de 18 anos. As alterações que estenderam o acesso ao benefício, principalmente mediante a retirada da exigência de comprovante de renda em 2018, foram vetadas pelo Presidente da República após serem aprovadas pelo Congresso Nacional.

Quanto à sua cobertura, no início da implementação da EWA, o governo estimou que chegaria a 54 milhões de pessoas. No entanto, após 2 meses, foram apresentados 107 milhões de pedidos, dos quais 59 milhões foram aprovados e 42,2 milhões foram considerados inelegíveis.

Note-se que a implementação está enfrentando sérios problemas por parte do governo. Isso motivou a Rede Brasileira de Renda Básica, juntamente com 161 outras organizações que apóiam a medida, a elaborar um relatório sobre os 20 principais obstáculos à implementação da EWA, entre os quais o atraso na análise dos pedidos apresentados e a negação de pedidos. sem fornecer uma justificação válida.

Deve-se notar que a lei prevê que o benefício possa ser estendido pelo Presidente da República enquanto durar a emergência de saúde pública causada pelo COVID-19. No entanto, o governo dá sinais de que, se estender a EWA, pretende fazê-lo com um valor mensal equivalente a um terço do que é pago atualmente.

Todo esse contexto elevou a outro nível a discussão pública sobre a importância de um direito à segurança de renda e a respectiva política pública para garantir isso, que transcende a situação conjuntural causada pela pandemia e leva vários segmentos da sociedade a considerar seriamente políticas permanentes, como a Renda Básica do Cidadão, aprovada pela Lei 10.835 / 2004, com todas as características de uma Renda Básica Universal, mas nunca totalmente implementada.

Um experimento local

Maricá, uma cidade costeira do estado do Rio de Janeiro, está experimentando um benefício testado em renda local em moeda local para sua própria população. Os artigos sobre o experimento estão disponíveis em português e inglês. Os artigos usam a terminologia ‘Renda básica universal’ e ‘Garantia de renda básica’. Como os pagamentos estão sendo pagos apenas às famílias mais pobres e, portanto, não são uma Renda Básica, o uso dessa terminologia é confuso. No entanto, este é um experimento importante e será interessante ouvir sobre seus efeitos.

Fonte: https://basicincome.org/news/2020/06/brazilian-emergency-workers-aid-the-short-term-response-that-exposes-a-structural-problem/

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