“Confiança ao invés de desconfiança e cooperação ao invés de competição”, dizem autores de petição online que pede por renda básica incondicional na Alemanha

Fonte da foto: FRIBIS

A petição, discutida em 26 de outubro de 2020 na Comissão de Petições do parlamento alemão foi assinada por 176.000 pessoas.

Inicialmente, lançada nos meses de março e abril, no auge da primeira onda de coronavírus na Europa, só foi discutida no início do outono, coincidindo com a chegada da segunda onda. Ainda assim, Susanne Wiest, organizadora da petição vê algo positivo: “Hoje podemos avaliar que as medidas de ajuda anteriores não funcionam com precisão, somente uma renda básica seria eficiente, porque chega a todos que precisam de apoio. E, no caso, é cada vez mais evidente que outros setores ficarão descobertos nas redes de proteção existentes, principalmente os trabalhadores autônomos.

Susanne afirma na petição: “Este não é o momento para burocracia, controle e avaliação das necessidades. É hora de coesão, confiança mútua e ajuda rápida e desburocratizada”. Juntamente com o professor Dr. Bernhard Neumärker, da Universidade de Freiburg, ambos apresentaram um modelo de “renda corona”. Segundo eles, se os fundos de crise disponíveis na Alemanha fossem distribuídos na forma de “medidas corona”, ou seja, para conter o estado de emergência, de forma descomplicada e sem condicionalidades, cada cidadão receberia 500 euros.

Ambos tiveram poucos minutos para responder às perguntas da Comissão. Um representante da organização sem fins lucrativos OMNIBUS, apoiadora da Iniciativa dos Cidadãos Europeus (ECI) para renda básica, Kurt Wilhelmi, afirmou: “mais uma vez ficou claro o quanto precisamos de um referendo nacional”.

Recentemente, uma nova petição foi enviada ao comitê executivo federal, desta vez pelo partido Verde, que visa retirar a exigência de um referendo nacional de seu programa na campanha eleitoral atual.

Embora ainda restrito ao contexto da pandemia de coronavírus, o modelo proposto por Susanne Wies e Bernhard Neumärker tem como foco a implementação de uma ajuda rápida ou “ajuda de crise”, direcionada principalmente para os trabalhadores autônomos, mas a ideia é que a renda seja posteriormente generalizada. Ambos partem do pressuposto de que a renda básica é um direito humano indispensável para o desenvolvimento democrático.

Por Luisa Barreto, jornalista, colaboradora do portal GGN e do Outras Palavras, mestre e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP

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